Porque hoje é o dia mundial contra a SIDA, penso que todos nós devíamos dispensar um pouquinho do nosso tempo e reflectir sobre esta "epidemia" que se abateu sobre o mundo de uma forma aparentemente incontrolável.
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Na África, a prevalência de HIV/Aids explodiu de pouco menos de 1 milhão de casos, no início da década de 80, para aproximadamente 25 milhões de casos, no final de 2003.
Entre 1990 e 2003, nos países africanos ao sul do Saara, o número de crianças órfãs devido à doença aumentou de pouco menos de um milhão para mais de 12 milhões.b Outras regiões enfrentarão um futuro igualmente desolador, a não ser que atitudes urgentes sejam tomadas para deter o avanço da pandemia. A Ásia, que abriga 60% da população mundial, assiste a uma rápida escalada epidêmica. Aproximadamente 7,4 milhões de pessoas na região vivem com HIV, e o número de pessoas infectadas somente em 2003 chega a 1,1 milhão.
China, Indonésia e Vietnã testemunharam aumentos acentuados no número de infecções. A epidemia de HIV/Aids na Ásia permanece amplamente concentrada entre usuários de drogas injetáveis, homens que praticam sexo com homens, trabalhadores do sexo, clientes de trabalhadores do sexo e seus parceiros sexuais mais próximos. A cobertura preventiva eficaz entre esses grupos é inadequada, em grande parte devido ao estigma e à discriminação. Os países asiáticos que optaram por tratar abertamente comportamentos de alto-risco, como Camboja e Tailândia, têm tido sucesso significativamente maior na redução das taxas de infecção. No entanto, as taxas de prevalência ainda permanecem assustadoramente altas nos dois países: o Camboja tem as taxas de prevalência de HIV mais altas da Ásia (2,6%).c Europa Oriental e Ásia Central também enfrentam uma epidemia crescente, amplamente alimentada pelo uso de drogas intravenosas.
Entre 1995 e 1998, as antigas economias socialistas da Europa Oriental e da Ásia Central experimentaram um aumento de seis vezes nas taxas de infecção por HIV.d Atualmente, cerca de 1,3 milhão de pessoas na região vivem com HIV, em comparação com cerca de 160 mil, em 1995.
Estônia, Federação Russa, Letônia e Ucrânia são os países mais gravemente afetados. Entretanto, a prevalência de HIV também continua a aumentar na Bielo-Rússia, no Cazaquistão e em Moldova. A face da epidemia na Europa Oriental e na Ásia Central muda juntamente com os números. Atualmente, mais de 80% dos casos na região são de pessoas com menos de 30 anos de idade.
As mulheres são responsáveis por uma parcela cada vez maior de novas infecções no mundo todo uma tendência bastante evidente na Federação Russa, onde uma em cada três novas infecções relatadas em 2003 ocorreu em mulheres, em comparação a uma em cada quatro, apenas dois anos antes.
Até este momento, a América Latina tem escapado de uma epidemia generalizada de HIV, mas não há espaço para complacência. De acordo com relatórios mais recentes da Unaids sobre a epidemia, as condições são propícias para a disseminação do vírus mais amplamente em vários países.
Em algumas áreas Brasil, país mais populoso da região, foram relatados níveis de infecção acima de 60% entre usuários de drogas injetáveis. No Caribe, o vírus já está se disseminando entre a população geral: o Haiti, país mais seriamente afetado, sofre com uma taxa de prevalência entre adultos de cerca de 5,6%. Para aqueles incumbidos da tarefa de lutar contra a pandemia de HIV/Aids, um dos desafios mais urgentes é a escassez de dados confiáveis. Em 2002, apenas 36% dos países de renda baixa e de renda média possuíam um sistema de supervisão totalmente implementado em operação.
No Norte da África e no Oriente Médio, por exemplo, grande parte das informações disponíveis está baseada apenas em relatos de casos. Estas estimativas sugerem que cerca de 480 mil pessoas vivam com HIV na região, porém a falta de pesquisas entre as populações de alto risco como trabalhadores do sexo, usuários de drogas injetáveis e homens que praticam sexo com homens sugere que a epidemia potencial entre esses grupos pode estar sendo negligenciada. A experiência dos últimos 25 anos deve ser uma advertência prudente sobre a importância de ações rápidas para conter epidemias incipientes.
Se intervenções eficazes não forem realizadas imediatamente, as taxas de mortalidade continuarão sua escalada a Aids já é a principal causa de morte de pessoas entre 15 e 49 anos de idade no mundo todo , e a crise vivida por crianças órfãs ou vulneráveis devido ao HIV/Aids já não estará restrita aos países africanos ao sul do Saara.
(texto tirado do site da UNICEF)