Esta semana estive, mais do que nunca, em contacto com pacientes (utentes!) neurológicos. E sabem que mais? Não foram as patologias em si que mais me impressionaram. Não foram os AVCs, as parésias faciais, os Parkinsons ou os tumores cerebrais. Não foram os braços que não mexem, nem as pernas que provavelmente nunca voltarão a andar com um padrão “normal”. Não foi a dificuldade na fala ou em demonstrar expressões faciais.
Não me entendam mal; todas estas coisas me chocaram e se, de uma forma ou outra, não me tivessem tocado, eu não as teria referido. No entanto, o que mais me impressionou no meio de tudo isto, foram as condições em que muitas destas pessoas vivem.
A parca assistência a que têm direito (quando a têm!), não chega, de modo algum, para as necessidades especiais destas pessoas. Em todos os aspectos, desde o psicológico até às mais básicas necessidades de higiene, noto uma negligência que me faz indagar se serei a única pessoa a aperceber-se deste facto. E, como não acredito que assim seja, pergunto-me se andarão todos a dormir, em vez de se mexerem para, pelo menos, tentar modificar as coisas.
Desde (e em especial) as famílias destas pessoas até aos próprios funcionários de saúde, porque é que ninguém faz nada? Ou, se fazem, porque é que as coisas continuam como estão?
Será que chegámos a um ponto em que já ninguém se importa? E se chegámos, há quanto tempo foi isso e porque raios é que ninguém me avisou?! Não devo ter recebido o memorando.
Na quarta-feira aconteceu algo que me levou de volta a alguns anos (Meses? Semanas? Dias?) atrás. Felizmente, consegui agir de forma racional e ajudar quem precisava ser ajudado, da forma como me ajudaram a mim quando eu precisei. E, pela primeira vez, senti que, de alguma forma, valeu a pena ter passado pelo que passei. Pelo menos, soube o que fazer e o que perguntar.