Era uma vez uma menina de 16 anos, que resolveu criar um blog para desabafar... E que agora, aos 21, continua a escrever. De teen a adulta; de Portugal à Holanda - A saga!

15
Ago 08

Esta semana estive, mais do que nunca, em contacto com pacientes (utentes!) neurológicos. E sabem que mais? Não foram as patologias em si que mais me impressionaram. Não foram os AVCs, as parésias faciais, os Parkinsons ou os tumores cerebrais. Não foram os braços que não mexem, nem as pernas que provavelmente nunca voltarão a andar com um padrão “normal”. Não foi a dificuldade na fala ou em demonstrar expressões faciais.

            Não me entendam mal; todas estas coisas me chocaram e se, de uma forma ou outra, não me tivessem tocado, eu não as teria referido. No entanto, o que mais me impressionou no meio de tudo isto, foram as condições em que muitas destas pessoas vivem.

            A parca assistência a que têm direito (quando a têm!), não chega, de modo algum, para as necessidades especiais destas pessoas. Em todos os aspectos, desde o psicológico até às mais básicas necessidades de higiene, noto uma negligência que me faz indagar se serei a única pessoa a aperceber-se deste facto. E, como não acredito que assim seja, pergunto-me se andarão todos a dormir, em vez de se mexerem para, pelo menos, tentar modificar as coisas.

            Desde (e em especial) as famílias destas pessoas até aos próprios funcionários de saúde, porque é que ninguém faz nada? Ou, se fazem, porque é que as coisas continuam como estão?

Será que chegámos a um ponto em que já ninguém se importa? E se chegámos, há quanto tempo foi isso e porque raios é que ninguém me avisou?! Não devo ter recebido o memorando.

 

 

Na quarta-feira aconteceu algo que me levou de volta a alguns anos (Meses? Semanas? Dias?) atrás. Felizmente, consegui agir de forma racional e ajudar quem precisava ser ajudado, da forma como me ajudaram a mim quando eu precisei. E, pela primeira vez, senti que, de alguma forma, valeu a pena ter passado pelo que passei. Pelo menos, soube o que fazer e o que perguntar.

publicado por Nana às 12:27
sinto-me: cansada...
música: Quem de nós dois - Ana Carolina

04
Ago 08

No outro dia, e como já se tornou comum cá em casa, fez-se uma almoçarada. Basicamente, juntam-se alguns membros da família no quintal, cada um traz o petisco que quiser, e grelha-se tudo o que houver para grelhar, no grelhador novo (que, por sinal, é vermelho e giríssimo!), e come-se como se não houvesse amanhã.

 

Uma das presenças habituais nesses almoços é o meu primo António, que está agora com 8 anos. Quem costuma conviver com miúdos desta idade, sabe a paranóia que eles têm com os Pokémons e com um novo tipo de “criaturas”, chamadas Gormitis (não sei bem se é assim que se escreve, mas pelo menos é este o nome que o rapaz dá àqueles bonecos horríveis, que parecem uma mistura de marcianos com robots).

Claro que eu, como boa prima que sou, brinco com ele às “lutas”. E escrevo “lutas” entre aspas porque, de facto, estas lutas são diferentes das lutas que eu tinha quando tinha a idade dele (o que, se formos ver bem, até nem foi há tanto tempo quanto isso). Ora, no meu tempo, fingíamos que dávamos socos e pontapés uns aos outros (de vez em quando lá acabava por ser a sério e lá ia o que levou fazer queixinhas à professora), a fingir que éramos os Power Rangers (um dos meus traumas de infância é o de nunca me terem deixado ser a Power Ranger cor de rosa; tinha sempre que ser a amarela, que era, de longe, muito menos bonita) e que lutávamos contra os monstros que queriam conquistar a terra.

Agora, e pelo que vi pelo meu primo, as “lutas” decorrem da seguinte forma: os miúdos sentam-se, um em frente ao outro (também pode ser feito de pé, mas já que é para estarmos parados, sentamo-nos e mais nada, que a idade já pesa e há que evitar as varizes!) e, em vez de partir para a acção, limitam-se a gritar os tipos de ataques que lançam. A minha “luta” com o meu primo, no outro dia, decorreu mais ou menos da seguinte forma:

 

A: Ataque de vulcão!

S: Ataque de contratura muscular!

A: Ataque de ondas gigantes!

S: Ataque de fractura trimaleolar!

A: Ataque de fogo muito quente! (Sim, porque não queremos cá fogo frio na luta!)

S: Ataque de quistos de Bakker!

A: Ataque de ranho!

S: Ataque de prótese total do joelho!

A: Ataque de cuspo! (Quando começa com os fluidos corporais, não pára...)

(...)

 

 

Agora, digam-me lá qual de nós os dois é que está a precisar de férias!   

 

Pormenor: passado um bocado de estarmos nesta luta renhida, ele disse que não queria jogar mais comigo. Quando lhe perguntei o motivo, ele respondeu “Porque estás só a dizer nomes de coisas que não existem!”.

 

** Hoje recebi uma T-shirt do Peter's, no Faial! Muito, muito gira.

publicado por Nana às 20:50
sinto-me: happy happy
música: Pokemons!

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