Desculpem não ter vindo actualizar o blog mais frequentemente mas, com tantos exames e outro tipo de ocupações, acabo sempre por descurar um bocadinho.
Mas enfim, hoje vim contar-vos a “aventura” na qual me meti no outro dia.
Fui contactada pelo clube de futebol F.C. Portugal. Trata-se de um clube amador, sediado em Amsterdam. Perguntavam-me se queria ir lá conhecer o clube e ver o ambiente e, se me agradasse, podia passar a ir lá para ajudar (como “quase-fisioterapeuta” que sou) uma das equipas.
Claro que eu aceitei o convite.
Combinámos então que eu iria lá numa sexta (há 1 semana, mais ou menos).
E foi aqui que a “aventura” começou.
Acontece que o campo onde a equipa joga se situa numa parte de Amsterdam que não conheço muito bem. Como faço sempre, fui ver à Internet qual a melhor maneira de lá chegar. Mas, infelizmente, a Internet não é infalível; deu-me as direcções... quase certas!
Quando saí do tram, olhei em volta e não vi nada que se parecesse a um campo desportivo.
Como um azar nunca vem só, nesse preciso momento começou a chover a potes e, como que por magia, todas as pessoas que saíram na mesma estação que eu, desapareceram.
Como já estou um pouco habituada a andar perdida (desde que vim morar para a Holanda, é quase o pão nosso de casa dia), não me preocupei muito.
Comecei a ficar preocupada foi quando as pessoas que eu julguei encontrar plo caminho não apareceram.
Portanto, para fazer um resumo da situação: estava a chover a potes, escuro e não andava ninguém na rua.
Andei cerca de 20 minutos, por bairros que, muito honestamente, não me inspiravam muita confiança, à procura de uma zona mais iluminada ou de alguém que me pudesse indicar o caminho.
Finalmente vi, ao fundo, um vulto. “Finalmente”, pensei eu, “alguém que me pode indicar o caminho!”.
Desatei a correr em direcção à pessoa, a tentar não perdê-la de vista (com o escuro da noite e a chover a potes, nunca se sabe).
Quando finalmente o alcancei, desejei não o ter visto.
Tratava-se de um senhor com uns 55-60 anos. Com roupas escuras e um panamá cinzento na cabeça, estava molhado até aos ossos. Numa mão, segurava a coleira de um cão que, na altura, me pareceu cinco vezes maior que eu. Como se esta personagem não fosse assustadora o suficiente (eu, geralmente, não sou assustadiça, mas lembrem-se das circunstâncias: noite, chuva, pouca iluminação, ninguém mais na rua!), o senhor também estava a sangrar, não percebi se da boca ou do queixo. Não era muito, mas estava lá, que eu vi!
Tive, portanto, que apelar a todo o meu bom senso para não desatar a fugir dali para fora e, para disfarçar o meu medo, acabei por perguntar ao senhor se sabia onde era o campo de futebol.
“Não”, respondeu-me ele, “aqui à volta não há nenhum campo. Mas, se quiseres, vens comigo no meu carro e eu levo-te à estação do metro!”.
BEM!!! Juro, juro, juro, que aquilo parecia saído de um filme de terror! Barato, mas de terror! Só faltava um relâmpago ter iluminado a cara do homem depois dele falar, e ele transformar-se nalgum tipo de animal assassino. Disse-lhe que não, muito obrigada, mas que ia continuar a procurar. Afastei-me, a tentar manter o passo normal em vez de desatar a fugir, como me ordenava o cérebro.
De qualquer das formas acabei por, eventualmente, encontrar o campo. O resto na noite foi agradável. O campo tem também uma cantina com uma atmosfera super portuguesa; todos falam português (a maioria são emigrantes) e, como é claro, nunca falta a bela da bifana com uma “bjeca” e a SporTV na televisão. Ahh, é quase como estar de volta a casa!...