Sou da opinião de que há muito pouca coisa mais bonita do que confiar em alguém. Aquela confiança sincera, que não pede nada em troca. Aquela confiança que nos leva a abrir o coração sem nos perguntarmos se estamos a ser julgados, criticados, rebaixados a um nível inferior apenas porque nos faz falta falar sobre algo.
Eu própria, confiando como confio, já abri o meu coração diversas vezes; falei de coisas que me incomodam, de coisas que me fazem feliz, de coisas que me deixam triste, de coisas que me assustam, de coisas que nem sequer me interessam, só pelo prazer de poder partilhar uma opinião, de quando em vez.
Eu própria, confiando como confio, já senti diversas vezes o alívio que é dar voz a certos pensamentos, a certas incertezas. Por vezes porque me são dados bons conselhos. Outras vezes, apenas pelo facto de me compreender melhor ao ouvir-me exteriorizar determinados sentimentos. Há até momentos em que nos apercebemos do quão diferentes do que pensávamos são alguns factos, bastando apenas ouvi-los em voz alta, em vez do martelar constante dentro da cabeça, que acaba sempre por deturpar qualquer coisinha.
Agora, apesar de tudo isto, não há nada pior do que alguém confiar em nós e, sem qualquer intenção, acabar por dizer algo que não queremos ouvir. E nem é um “não quero ouvir” do género “não podia estar menos interessada”, é um “não quero ouvir” do género “por favor, não continues, porque vais magoar-me se me disseres o que me vais dizer”.