“Há coisas das quais não gostamos de falar. Ou simplesmente achamos que não vale a pena. O que está para trás, está para trás, e para a frente é que é o caminho. Eu sou, no entanto, da opinião que não se devem deixar coisas por dizer.”
Foi assim, como acabaram de ler, que comecei por escrever este texto. Acontece que não gosto de ser hipócrita. Nem com outras pessoas nem, acima de tudo, comigo mesma. Como escrever neste blog é, para mim, uma forma de escape (que tenho, infelizmente, utilizado cada vez menos), não vou aqui afirmar que digo tudo o que tenho a dizer, e que falo sobre tudo o que me importa, sempre. Não é verdade, nem podia estar mais longe da dita.
Tenho o terrível hábito de falar muito, sobre muitas coisas. Há, muito provavelmente, pessoas que se perguntam se será possível a minha boquinha fechar-se por mais de dois minutos seguidos. Não obstante, as pessoas que me rodeiam repararão que, os assuntos sobre os quais falo, raramente são profundos ou de grande importância para mim. Falo sobre este e aquele, faço piadas, e até falo uma vez ou outra sobre o que quero estar a fazer daqui a cinco ou dez anos. Falo sobre o jogo de futebol que deu na televisão ontem, ou sobre aquele concerto a que eu gostava de ter ido mas não fui. Falo sobre o stress da universidade, ou sobre aquela comida portuguesa que me apetecia tanto mas que não encontro em Amsterdão.
Falo muito, de facto.
Mas há coisas sobre as quais não falo. Não é que me recuse a falar, não me entendam mal. Simplesmente há assuntos sobre a minha vida, presente ou passada, sobre os quais não é hábito falar. Entendo que, talvez por isso mesmo, cada vez se cravem mais dentro de mim. Talvez, se me limitasse a falar sobre eles todos os dias, passassem a ser “terreno comum” e deixassem de ser importantes. E sabe Deus como eu gostava que deixassem de o ser.
Por agora, vão continuar a ser importantes e eu vou continuar a não os mencionar nas minhas conversas. Porque, apesar de tudo, tenho a sensação que existem coisas que ficam melhor enterradas. E porque não suporto que alguém, seja quem for, olhe para mim com cara de pena.
P.S.: Força Portugal!!
P.P.S.: No outro dia vi o jogo de Portugal com alguns (poucos, mas bons!) portugueses. É irritante aperceber-me que, de vez em quando, começo a falar em inglês em vez de português... E que há palavras portuguesas normalíssimas das quais não me lembro! Levei quase um minuto até me lembrar da palavra “parabéns”... O que vale é que daqui a 10 dias certinhos estou de volta a Portugal, para três meses cheios de bom português! :)