O céu mudou de azul para cinzento e as ruas estão cheias de crianças que voltaram à escola esta semana. Na clínica, já me despedi de muita gente. “Então olhe, muita sorte para o seu futuro!”, “Muito obrigada e as suas melhoras!”. Começo a pensar em lavar a roupa toda para não ter esse trabalho quando lá chegar. Nos olhos de algumas pessoas começam a aparecer aqueles olhares a que só somos sujeitos quando sabem que nos vamos embora e, também eu, começo a olhar para muitos dessa mesma forma. Muita gente que voltarei a ver em Dezembro, muita gente que não voltarei a. Começam a ser marcados cafés, almoços, jantares, todos “de despedida”. O Verão está oficialmente “over”.
A garganta fecha-se durante um bom bocado e apetece-me chorar como uma criança a quem arrastam para fora da asa dos pais. Não me apetece ir, não me apetece deixar, mais uma vez, todas as pessoas a quem amo. Mas fui eu quem tomou esta decisão e que quis este rumo para a minha vida.
Há-de ser pelo melhor, o que não invalida o facto de, desta vez, me estar a custar muito mais deixar tudo para trás do que o que me custou há um ano.