Era uma vez uma menina de 16 anos, que resolveu criar um blog para desabafar... E que agora, aos 21, continua a escrever. De teen a adulta; de Portugal à Holanda - A saga!

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Nov 08

Quem lê este blog desde o início, sabe que eu sofro, desde os meus 16, 17 anos, de uma... chamemo-lhe “condição”, amiúde designada por, entre vários, “Síndroma do pânico”. Para quem nunca ouviu falar, este consiste em sofrer ataques de pânico, em determinadas alturas várias vezes ao dia, sem qualquer motivo em especial. Portanto, todos aqueles sintomas; os tremores, a arritmia, os suores, os vómitos, a sensação de que se vai morrer dentro de segundos. Geralmente, vem também acompanhado pela minha amiga Agrofobia, que significa medo de estar em lugares abertos ou com muita gente.

Quando tudo começou eu, tendo a idade que tinha e não compreendendo o que se passava comigo na altura, passei por fases complicadas, chegando mesmo a não conseguir de casa durante semanas, sendo que o simples pensamento de sair me deixava a tremer.

Após decidir que os psicólogos não me podiam ajudar (o último ainda ajudou um pouco, mas a psicologia apenas não chegava para o ponto a que eu tinha chegado), comecei, aos 18 anos, a ser acompanhada por um psiquiatra. Confesso que tive medo – tive medo que as pessoas achassem que eu estava maluca por ir a um psiquiatra, medo de estar, de facto, maluca. No entanto, a minha vida tinha chegado a um estado em que, ou era isto, ou não era nada.

Quando o psiquiatra me disse que havia tratamento e que eu podia voltar a fazer a minha vida “normal”, senti algo de inexplicável. Uma euforia, uma vontade de chorar – desta vez, de alegria...

Comecei então a fazer tratamento; antidepressivos, todos os dias, e um ansiolítico para os casos de SOS.  

Passaram-se cerca de dois anos e, após meses e meses sem sinal de pânico, resolvi que estava curada. Acompanhada pelo meu médico, claro, comecei a fazer o “desmame” dos medicamentos. Comecei em Janeiro e, em Julho deste ano consegui, por fim, deixá-los.

Passaram-se meses e, há cerca de um mês atrás, os sintomas voltaram. Não posso explicar, não consigo explicar, a frustração que foi para mim. Comecei a ter ataques de pânico na escola e, por fim, deixei de conseguir sair de casa.

Confesso que foi assustador encontrar-me, uma vez mais, nesta situação. Foi como se estes anos a ser medicada não tivessem valido a pena, como se o esforço de 7 meses para fazer o desmame da medicação... Enfim, tudo, foi tudo em vão.

Chorei, gritei, decidi deixar tudo, voltar para Portugal e fechar-me em casa para sempre. Anunciei a alguns membros da minha família e amigos que ia regressar.

No entanto, não o fiz. Regressei à medicação. Já vou conseguindo sair de casa e ir a aulas, embora ainda me custe. De vez em quando dou por mim a tremer, ou a hiperventilar.

É mau, confesso e, como já disse antes, muito, muito frustrante. Saber que vou ter que repetir todo este processo outra vez. Saber que provavelmente esta não será a última vez pela qual o repetirei. Saber que seria tão mais fácil desistir. Simplesmente, desistir.

Mas não. Já enfrentei este boi de frente uma vez e, se o consegui com 16 anos, vou consegui-lo outra vez agora. Porque tenho, felizmente, o apoio de todos os que me amam, apoio esse que agradeço todos os dias. Porque tenho uma vida apenas, e quero vivê-la como eu quiser, e não como esta “condição” quiser. Porque eu TENHO o direito a uma vida “normal”.

E, acima de tudo, porque eu QUERO.

Obrigada a todos pelo vosso apoio nestes momentos; foram de grande, grande importância para mim. Adoro-vos!
 

publicado por Nana às 19:42
música: Diego Torres - Tal vez
sinto-me: Com medo, mas com força

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