Apesar de, nestes últimos dias, não ter andado muito feliz, ando com uma fascinante vontade de voltar a sair à noite. Sair e dançar, dançar até nem sentir as pernas. Divertir-me, gritar, soltar-me.
No entanto, sempre que me convidam para sair, recuso. Porque tenho medo. Custa-me confessá-lo, mas é verdade.
Desde que soube que tenho ataques de pânico, nunca mais saí à noite. A não ser para ir a um café ou algo do género. Mas sair para dançar mesmo, nada. Na última vez que saí, tive um ataque de pânico tão forte que tive que ir embora mais cedo. Quem viu, deve lembrar-se de como eu tremia. Desde esse dia, nunca mais. Por vezes não posso mesmo. Outras vezes dou desculpas. Culpabilizo-me por isso todos os dias. Mas também tenho consciência de que a culpa não é minha.
Não pode ser culpa minha o facto de eu ter medo de sair para me divertir. Não pode ser culpa minha o facto de eu ter medo de estragar a noite ao resto das pessoas. Isto porque sei que, felizmente, tenho amigos excelentes. Sei que, se me vissem aflita, saíam comigo na mesma hora, pelo que também não aproveitariam nada. Não quero isso. Quero sair, quero divertir-me sem esse tipo de preocupações que tenho desde que soube o que é isto de "ataques de pânico"...
Por uma vez na vida, queria voltar a ter um dia... Um dia normal, sem medo... Porque eu hoje sei que posso controlar os ataques... Felizmente já tenho esse poder sobre mim mesma...
Mas, ao acordar, não há dia em que não pense se irei ter um ataque de pânico... Não há um único dia em que não tenha medo... Um dia sem medos! Antes, não lhes dava valor... Hoje só pedia um dia... Era só isto que eu pedia... Por vezes pergunto-me se mais alguém saberá o que é passar os dias com medo, assustada com o que o seu inconsciente estará a tramar...
Espero que não.